quarta-feira, 23 de maio de 2007

MEC e estados estudam como melhorar o ensino médio noturno

Os coordenadores estaduais do ensino médio apresentaram nesta terça-feira, 22, em Brasília, na 3ª reunião nacional dos coordenadores, experiências em ensino médio noturno e sugestões para diminuir a evasão e aumentar a qualidade.

O ensino noturno contribui para a democratização do acesso de jovens aos sistemas de ensino mas, segundo a diretora de políticas do ensino médio do Ministério da Educação, Lúcia Lodi, o setor ainda sofre com a falta de qualidade. "Há esforços dos sistemas em oferecer alternativas para manter o jovem na escola e melhorar a qualidade, mas nenhuma das ações equaciona, de forma definitiva, as dificuldades do terceiro turno".

Lúcia Lodi lembrou que o encontro serve para aprofundar o tema e traçar referências nacionais para o terceiro turno e pediu que os coordenadores apresentassem a situação em cada estado. Goiás, por exemplo, universalizou em junho de 2006, a merenda escolar para o ensino médio, mas isso não bastou. Segundo o coordenador no estado, Marcos Moreira, a gestão é fundamental para uma ação dar certo. "Percebemos que distribuir a merenda no intervalo não surtia efeito, então decidimos oferecê-la logo que o aluno chega à escola".

Dayse Pereira da Silva, coordenadora de São Paulo, levantou a questão da desigualdade de condições entre os alunos do ensino médio diurno e noturno. "A maioria dos professores do noturno não tem carreira no magistério, são profissionais de outras áreas que complementam horas de trabalho na sala de aula. Muitos não podem freqüentar as capacitações porque têm outro emprego".

Fonte: Ministério da Educação

Fundação Banco do Brasil investe R$ 16 milhões em programa de complementação escolar

A Fundação Banco do Brasil investirá R$ 16 milhões na realização do Programa AABB Comunidade neste ano. Fundamentado no Estatuto da Criança e do Adolescente, o AABB Comunidade é voltado para estudantes da rede pública de ensino, que participam de atividades educativas, esportivas e lúdicas, recebem reforço alimentar e acompanhamento médico-odontológico nas dependências da Associação Atlética do Banco do Brasil. As atividades são conduzidas, em horário extra classe, por educadores das próprias comunidades envolvidas, capacitados pelo Núcleo de Trabalhos Comunitários da PUC de São Paulo.

O AABB Comunidade foi criado em 1987 e só no ano passado atendeu 52 mil jovens, entre 7 e 18 anos, em 400 cidades brasileiras. A programação do AABB Comunidade acontece ao longo do período letivo com periodicidade de, no mínimo, três vezes por semana, com quatro horas diárias.

A aula que iniciará às atividades desse ano ocorrerá dia 24 de maio, às 16 horas, na sede da Associação Brasileira do Banco do Brasil em Salvador (BA) e terá a participação do campeão olímpico brasileiro Paulão (Paulo André Jucoski da Silva). Ele foi integrante da seleção de vôlei que conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Barcelona, em 1992.

O evento contará, ainda, com a presença do governador do Estado, Jaques Wagner e dos presidentes da Fundação Banco do Brasil e da Federação Nacional das Associações Atléticas do Banco do Brasil (Fenabb), Jacques Pena e Reinaldo Fujimoto, respectivamente.


Fonte: Envolverde

Programa desmistifica ciência para professor

Utilizando a revista Ciência Hoje das Crianças como ponto de partida, projeto do Instituto de Ciência e da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC) capacita professores desde o ensino fundamental até turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na discussão e elaboração de aulas de ciência, buscando desmistificar temas e melhorar a qualidade do ensino. Em quase cinco anos de existência, o Programa Ciência Hoje de Apoio à Educação (PCHAE) já influenciou no aprendizado de cerca de 100 mil alunos da rede pública.

Ligado diretamente às secretarias de educação ou centros de ensino e com custo relativamente baixo, essa alfabetização científica vem sendo implementada com sucesso em diversos municípios paulistas e busca ampliação nacional. "Quanto mais escolas aderirem ao projeto, mais barata será a impressão da revista que é nosso principal material. O diferencial é justamente este pois está diretamente inserido na realidade do país", conta o superintendente de projetos educacionais da do Instituto Ciência Hoje, Ricardo Madeira

A revista Ciência Hoje das Crianças é o único instrumento de divulgação científica para a infância, explanando temas que partem de questionamentos pertinentes ao cotidiano delas. "A criança deve perguntar. O programa tem sua base nos questionamentos, dúvidas e curiosidades das crianças", conta Madeira que cita como exemplo, a atividade realizada em escola do Embu, na grande São Paulo, que se centrou no porquê da água do mar não congelar. "O processo tomou um rumo tão próprio que acabou discutindo a preservação e atual situação dos mananciais e lençóis freáticos, questões extremamente importantes na região".

Seguindo o pressuposto de que a ciência em toda sua amplitude é cultura e como cultura deve ser patrimônio educacional e cultural de seu povo, o PCHAE capacita professores para que o ensino da disciplina não se reduza a si mesmo mas, ao contrário, fomente o pensamento crítico e a liberdade para imaginar, tentar e, por vezes, errar, respeitando, inclusive o tempo da própria observação e experimentação. "É preciso que o professor valorize a pergunta do aluno, pois, a investigação científica deve partir da curiosidade da turma e não de respostas ao material didático utilizado pela escola", ressalta Madeira.

Dessa forma, a revista Ciência Hoje das Crianças funciona como um ponto de partida, pois ela traduz de forma simples o que vem sendo discutido na academia e nas outras publicações da própria sociedade que, criada em 1949, tem como proposta central funcionar como organização responsável pelo pensar e divulgar o pensamento científico no país.

A SBPC junto ao Instituto Ciência Hoje reúne extenso material para pesquisadores e membros da sociedade que estão preocupados com a qualidade da educação brasileira e o futuro tecnológico, científico e social do país. "Por essa razão que o PCHAE veio como resposta ao pedido do então ministro da Educação Cristóvão Buarque para combater o analfabetismo e a exclusão da maioria das pessoas no pensar científico e da disputa à universidade", conta o coordenador.

Madeira insistiu que, dentre os outros trunfos do programa, está a reformulação do pressuposto de que ciência é chata. "As crianças e os jovens não gostam é de fórmulas e estão certos, pois ciência não é isso. Tanto nas humanas, quanto nas exatas e biológicas, ciência é o estudo da vida e do meio. Não é algo estático e isolado. Ela está em constante transformação e intercâmbio de áreas", explica.

"Não podemos esquecer de fugir do quadro negro, pois o espaço para que a ciência exista é enorme. Ele vai desde a utilização de jornais, internet, televisão, até estudos do meio e porque não, o jardim da escola. Lá há muito para investigar e, seguindo algumas pistas e indicações, há muito para se descobrir", disse o professor que acredita ser possível reverter o quadro dos baixíssimos indicadores da qualidade da educação brasileira.

Fonte: Aprendiz

Aluno da rede pública pode ser isento de taxa de vestibular

Um projeto de lei do deputado Fábio Souto (PFL-BA) que isenta os alunos da rede pública de ensino de pagar a inscrição em vestibulares de universidades federais foi apresentado na Câmara dos Deputados na semana passada.

De acordo com o parlamentar a cobrança da chamada "taxa de vestibular" contraria dois dispositivos constitucionais - o inciso I do artigo 206, que estabelece a igualdade de condições no acesso à escola, e o inciso IV, desse mesmo artigo, que institui o ensino gratuito nos estabelecimentos oficiais.

O projeto, que tramita em caráter conclusivo, será analisado pelas comissões de Educação e Cultura, de Finanças e Tributação, e pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania.


Fonte: Nota 10

Liberado edital para 1º processo seletivo da UAB/UFS

A Coordenação de Concurso Vestibular (CCV) liberou o edital para o processo seletivo da Universidade Aberta do Brasil (UAB). No primeiro vestibular em Sergipe, o programa de educação a distância ofertará mais de 2.200 novas oportunidades de acesso ao Ensino Superior.

As vagas estão distribuídas em nove pólos, que compreendem os municípios de Areia Branca, Brejo Grande, Japaratuba, Laranjeiras, Poço Verde, Arauá, Porto da Folha, São Domingos e Estância.

Inscrições

A ficha de inscrição será específica para cada cidade e estará disponível nos pontos de atendimento do Banco Popular do Brasil de Areia Branca, Estância, Poço Verde, Porto da Folha e São Domingos, nas secretarias de Educação de Arauá, Japaratuba e Laranjeiras e na Prefeitura de Brejo Grande.

O site da Coordenação de Concurso Vestibular também disponibilizará a ficha para que o candidato tenha a opção de realizar sua pré-inscrição via internet, no período compreendido entre 8h do dia 4 e 18h do dia 14 de junho.

O pagamento da taxa, no valor de R$ 40, deve ser feito de 4 a 15 de junho, nos pontos de atendimento do Banco Popular do Brasil e nas agências e terminais de auto-atendimento do Banco do Brasil, conforme horário bancário.

Já a efetivação da inscrição ocorrerá no período de 19 de junho a 3 de julho, das 7h às 17h, na CCV, situada no campus de São Cristóvão. Os candidatos deverão entregar a ficha de inscrição devidamente preenchida e apresentar os documentos exigidos no edital.

Provas

As provas estão marcadas para o dia 22 de julho. O exame será do tipo unificado - para todos os municípios -, mas somente Arauá, Porto da Folha, São Domingos e Estância darão início as suas aulas no primeiro semestre do calendário da UAB, previsto para começar no mês de agosto.

domingo, 20 de maio de 2007

Inclusão do conhecimento

Agência FAPESP – Mesmo que todos os participantes saibam se comunicar por meio da Língua Brasileira de Sinais (Libras), não há nenhuma aula expositiva durante o curso de extensão para alunos e professores com deficiência auditiva oferecido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria com o Instituto Nacional de Surdos (Ines).

As aulas se estendem, em média, por duas semanas e têm caráter construtivista, em que os alunos aprendem determinado tema por meio de experiências científicas em laboratório. “Medicamentos e câncer” é o tema da edição desta semana nos laboratórios do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ.

“Os estudantes são induzidos a responder perguntas que eles mesmos formulam, com uma abordagem absolutamente experimental”, disse Sandra Mascarenhas, coordenadora do projeto na UFRJ, à Agência FAPESP. “Nossa proposta é mostrar que as pessoas aprendem melhor quando constroem seus próprios conhecimentos.”

Para sanar as dúvidas, os alunos utilizam modelos biológicos reais. “Em um dos experimentos, são comparadas células tumorais com células saudáveis para verificar os efeitos de alguns medicamentos no tratamento da doença”, explicou Sandra. Avaliações escritas são feitas antes, durante e depois das atividades.

Promover a inclusão social dos alunos e despertar novas vocações científicas são objetivos da iniciativa. Sandra explica que, devido à boa repercussão do projeto, a possibilidade de criação de um curso técnico voltado para deficientes auditivos da área da saúde, em colaboração com o Ines, está sendo discutida pela comunidade acadêmica da UFRJ.

“Estudos indicam que a percepção visual e o nível de concentração dos deficientes auditivos são melhores do que os dos indivíduos que ouvem. Nosso curso de extensão mostra que é possível incluir os deficientes no sistema nacional de ciência e tecnologia, criando novas oportunidades de aprendizagem e de ensino”, disse.

Desde a criação do projeto, em 2005, foram realizadas quatro edições do curso, com temas como “Sistema imunológico” ou “Doenças sexualmente transmissíveis”, com destaque para o HIV-Aids. Cerca de cem pessoas já participaram. No final de cada edição, dois alunos são selecionados para um estágio de seis meses nos laboratórios da UFRJ em que são desenvolvidos projetos de pesquisa básica e aplicada na área de saúde.

O projeto, idealizado por Vivian Rumjanek, coordenadora do Núcleo de Ensino do Programa de Oncobiologia da UFRJ, é apoiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).

Fonte: Agência Fapesp

Governos e comunidades avaliam experiências com horta escolar

Professores, coordenadores pedagógicos, diretores, agricultores familiares, secretários de educação e gestores públicos dos três municípios que participaram do projeto-piloto de manejo de hortas comunitárias do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), estão reunidos desde quarta-feira (16), e quinta (17), em Brasília, para avaliar os resultados do projeto. O Pnae é um programa do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC) e o projeto ocorreu nos municípios de Santo Antônio do Descoberto (GO), Saubara (BA) e Bagé (RS).

Além da apresentação de experiências bem-sucedidas e do impacto nos três municípios, a reunião servirá para análise dos resultados alcançados nos dois anos do projeto Horta Escolar — eixo gerador de dinâmicas comunitárias, educação ambiental e alimentação saudável e sustentável. O projeto Horta Escolar resulta de acordo assinado em 2005, entre o FNDE e a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

Na reunião em Brasília, o grupo envolvido no projeto vai avaliar a versão final do material didático produzido no período e receber capacitação sobre o processo de produção e compra de alimentos pelo Pnae. Haverá, ainda, discussão entre consultores e representantes da FAO, do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) e dos ministérios da Educação, Meio Ambiente, Desenvolvimento Agrário e Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Acordo — O acordo entre a FAO e o FNDE prevê o desenvolvimento de pesquisas e projetos nas áreas de agricultura e de alimentação e a implantação de 60 hortas em escolas públicas que fornecem alimentação escolar com recursos do Pnae. A FAO comprometeu-se a disponibilizar US$ 341 mil para o projeto e o FNDE, US$ 80 mil. Com o apoio das prefeituras, o acordo prevê o manejo de hortas comunitárias, reunindo educação ambiental e alimentação saudável e sustentável.

“Além de assegurar alimentação saudável para as crianças, o projeto é importante porque envolve e beneficia toda a comunidade”, diz o presidente do FNDE, Daniel Balaban. Segundo ele, “nesse processo se observa que os alunos levam para casa novos hábitos aprendidos na escola e, com isso, adquirem e transmitem uma melhor educação nutricional”.

De acordo com Vera Boerger, oficial em educação, extensão e comunicação para o desenvolvimento da FAO, o projeto vai oferecer material didático aos professores e capacitar merendeiras. “Existem vários projetos de hortas comunitárias no Brasil e em outros países, mas queremos fazer das hortas um laboratório vivo, para falar de saúde, nutrição, economia e outros temas.”

Fonte: MEC

Igreja quer reconquistar espaço no ensino público

"Quanto mais fiéis a Igreja Católica perder, maior será a necessidade da conquista da sua hegemonia do ensino religioso na educação pública do país. Da mesma forma, no vácuo de espaço que a perda de crentes cria, surgem as instituições pentecostais e evangélicas com a mesma necessidade de ocupar espaço na educação brasileira". A declaração é do professor da faculdade de educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Luiz Antônio Cunha, preocupado com a virada religiosa que tomou, especificamente, o ensino no estado fluminense.

Para ele, à medida que a influência do catolicismo diminui, aumenta sua pressão indireta, lembrando que a cada mês, fecha-se uma escola particular religiosa no Brasil. "O peso dessa hegemonia, que já é tão grande, tende a aumentar com as crises políticas do Brasil. A enorme mescla de partidos políticos com as instituições religiosas é prova disso. É tão visível que o Partido Republicano do vice-presidente, reeleito com alguns ministérios, é de uma direção religiosa", pontua.

Em São Paulo, a apresentação do governo do estado de São Paulo sobre o ensino religioso, aponta que ele deve ser um instrumento para "ajudar o educando a compreender-se melhor enquanto sujeito permitindo-lhe construir significados pessoais acerca do sentido de sua existência". E, de acordo com o Artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação nacional, "o ensino religioso, de matéria facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas qualquer forma de proselitismo".

De acordo com a secretaria da educação do estado de São Paulo, estima-se que 3.063 professores ministrem aulas de ensino religioso e 3.989 escolas ofereçam a modalidade, lembrando do seu caráter facultativo para o aluno. Para Valéria de Souza, da coordenadoria de estudos e normas pedagógicas da secretaria, "é impossível pensar no ensino confessional que desrespeitaria a individualidade e singularidade do aluno. Embora o título de ensino religioso tenha sido mantido, em São Paulo, buscamos compreendê-lo como ensino da história das religiões", explica.

Segundo ela, para assegurar a pluralidade e capacitar os professores habilitados ao ensino da disciplina, foi desenvolvido material em parceria com a Universidade de Campinas (Unicamp) que, em quatro volumes, procura, ainda de que de forma sucinta, cobrir desde as religiões afro-brasileiras, às orientais politeístas e às três grandes do monoteísmo - judaísmo, islamismo e cristianismo.

Adotado por boa parte do país, o ensino interconfessional tem a disciplina como resultado do acordo entre as entidades religiosas que se responsabilizarão pela elaboração dos respectivos programas pedagógicos. "A exigência do ensino religioso é federal, mas ele se difere pelos estados na forma de como é ministrado", explica Souza.

Porém, para o professor Cunha, independente do método, ainda prevalece a discussão inicial sobre a laicidade no campo educacional. "Não é possível ensinar todas as religiões em pouco tempo de aula. Porém, chegamos a determinado estado na educação, que, passamos a recomendar a metodologia interconfessional ao modelo adotado no Rio de Janeiro", conta.

Os estados do Rio e Bahia são os únicos que adotam o ensino confessional que, grosso modo, significa que sua oferta vem de acordo com a opção religiosa do aluno ou do seu responsável ministrada por professores ou orientadores religiosos das respectivas religiões.

O que significa que, aproximadamente 1,7 milhão de alunos são divididos por credo durante a disciplina religiosa, a ser abordada, separadamente, por doutrinas como a católica, a evangélica, a espírita, a do candomblé ou outras que se manifestarem predominantemente na comunidade. "Porém, na prática, o resultado é bem diferente, pois cada professor da disciplina precisa de certificação de sua ordem religiosa para ministrá-la. Claramente e dada à predominância das católicas e pentecostais, resta, em suma, o ensino confessional cristão", observa Cunha.

No caso do Rio de Janeiro, a metodologia virou uma celeuma, pois, ainda na gestão de Anthony Garotinho (PMDB) sancionou-se que os professores de ensino religioso, admitidos por concurso público e certificados pela ordem religiosa a que pertençam, tenham suas licenças e cargos cassados em caso de mudança de credo ou atitude e ação que desrespeite a fé a que respondem. "No ensino religioso mistura-se o público e o privado. A religião vira artefato de doutrina no espaço público, laico e plural", condena Cunha.

Segundo Cunha, observa-se que tanto em São Paulo, quanto no Rio de Janeiro, os professores gostam do ensino religioso, pelo seu caráter disciplinatório, pois, em suma, a disciplina pontua os deveres e normas do alunado perante à autoridade professoral. "Na base, os professores acreditam que qualquer religião serve na instauração da ordem. É a réplica do manda quem pode, obedece quem tem juízo", conclui, lembrando que, em grande número de instituições o caráter facultativo da disciplina é escondido dos pais e alunos.

Fonte: Aprendiz

Professores discutem fim do vestibular e defendem alterações no ensino

Ampliação da oferta do número de vagas nas universidades públicas; estabelecimento de parâmetros para um Sistema Nacional de Educação, com responsabilidade compartilhada entre a União, estados, municípios e o Distrito Federal; garantia da autonomia das escolas de nível superior e busca de novas fórmulas de acesso à universidade em substituição ao vestibular foram defendidos por técnicos e professores durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (16) pela Comissão de Educação (CE).

A audiência pública foi proposta para instruir dois projetos de lei em tramitação na CE, de autoria dos senadores Cristovam Buarque (PDT-DF) e Sibá Machado (PT-AC), que alteram a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96). O primeiro (PLS 116-06), substitui o vestibular único por três provas, que seriam aplicadas ao longo do segundo grau. Os alunos que obtivessem as melhores notas ingressariam nas universidades. O segundo (PLS 65/05) substitui o vestibular por uma avaliação de desempenho do segundo grau, via aplicação de uma única prova, feita em nível nacional. Caso o número de aprovados seja maior que o número de vagas oferecidas, realiza-se um sorteio anual.

Mudanças

Durante o debate, o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Lemos Petta,condenou o vestibular, qualificando-o de elitista e como um mero teste de memorização. Para ele, um professor qualificado dificilmente seria aprovado atualmente em uma prova de vestibular. Por isso, entende que qualquer proposta - a exemplo dos dois projetos em exame na CE - deve merecer atenção. E chegou a aplaudir a extensão do Programa de Avaliação Seriada (PAS), que atinge os três níveis de ensino do segundo grau,para todo o país, conforme prevê o projeto de Cristovam.

A diretora do Departamento de Modernização e Programas da Educação Superior (Sesu-Mec), professora Iguatemy Martins, disse que o atual vestibular é uma instituição consagrada no país e reconhecida como um processo qualificador de acesso ao ensino superior. Por isso, entende que qualquer alteração do processo de ingresso à universidade necessita ser amadurecida. E indagou: "o processo seletivo, como provas ao longo do segundo grau, não seria uma espécie de vestibular?".

Para a representante do Conselho Nacional de Educação (CNE) Regina Vinhaes Gracindo, qualquer proposta de mudança no vestibular deve vir acompanhada por uma mudança no currículo do ensino médio brasileiro, de modo a torná-lo mais qualificado. Ela também defendeu a abertura de maior número de vagas para a educação superior.

No entender da conselheira, o acesso do aluno ao ensino superior não é tudo. A permanência do aluno na universidade é outro quesito que merece atenção, somado ao sucesso profissional dele. Mas Regina Vinhaes Gracindo disse que via "com bons olhos" as alterações propostas nos dois projetos para alterar o modelo de ingresso no ensino superior, com uma condicionante: as universidades teriam autonomia para aceitar ou não o modelo de ingresso. A seu ver, as universidades públicas têm que continuar autônomas, conforme determina a Lei de Diretrizes Básicas da Educação (LDB).

Cristovam Buarque, apesar de defender a autonomia das universidades, alertou que o critério de seleção deve obedecer a normas de ingresso no ensino superior, no sentido de garantir a democratização, a exemplo da avaliação seriada. O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) disse que o país gasta muito dinheiro em avaliação, enquanto poderia pagar melhor aos professores e investir em equipamentos.

O professor da Universidade de Brasília (UnB) Erasto Fortes de Mendonça colocou em dúvida a constitucionalidade dos dois projetos. Segundo ele, as propostas ferem a autonomia das universidades. Pregou a democratização do ensino com qualidade e a universalização do ensino básico, ao mesmo tempo em que solicitou apoio da Comissão de Educação no sentido de pedir ao governo a realização da Conferência Nacional de Educação, "indicador dos mais importantes para as políticas educacionais".
Fonte: Agência Senado

MEC apóia realização de feiras de ciências

Para estimular as atividades de iniciação científica na educação básica, o Ministério da Educação vai apoiar a realização de feiras de ciências e de mostras científicas. As propostas deverão reunir trabalhos desenvolvidos por alunos e professores de 5ª a 8ª série do ensino fundamental e do ensino médio de escolas das redes públicas.

Os projetos selecionados serão financiados com recursos do MEC, que destinou R$ 2 milhões para essa ação. Cada projeto pode receber entre mil reais e R$ 50 mil. Para a diretora do Departamento de Políticas do Ensino Médio da Secretaria de Educação Básica, Lúcia Lodi, “essa iniciativa é muito importante para incentivar trabalhos interdisciplinares e valorizar a atitude investigativa nas escolas públicas”. Com a exposição de trabalhos, segundo Lodi, fica mais fácil para o aluno relacionar a ciência estudada na sala de aula com temas da realidade — clonagem, meio ambiente, efeito estufa. Para inovar na aprendizagem, “temos que superar o giz e a lousa”, disse.

Fenaceb — Os selecionados deverão realizar seu evento técnico-científico no período de 20 de julho a 31 de outubro e serão convidados pelo MEC para expor seus trabalhos na 2ª edição da Feira Nacional de Ciências da Educação Básica (Fenaceb). O evento, que é uma promoção do MEC, com apoio das secretarias estaduais e municipais de educação e de instituições federais de ensino superior, será realizado em novembro, em Brasília.

Interessados em receber o financiamento do MEC para realização de feiras deverão encaminhar propostas até 15 de junho. A divulgação dos projetos selecionados será no dia 27 de junho. O edital foi divulgado na quarta-feira, 16.

Fonte: MEC