terça-feira, 10 de abril de 2007

Peti transforma rotina de estudantes e atletas em Aracaju


Não havia espaço para brincadeiras na rotina de Franciely da Silva Santos. Aos 11 anos, morando com os avós em Aracaju (SE), estudava pela manhã e à tarde trabalhava ao lado da avó na banca de cereais em feiras livres, inclusive nos finais de semana. Sem tempo para estudar, foi reprovada algumas vezes na escola até ser integrada ao Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti), há pouco mais de quatro anos. Hoje, aos 15 anos, Franciely cursa o 1º ano do ensino médio e ficou em 3º lugar na categoria juvenil do Campeonato Sergipano de Judô, disputado há duas semanas.

Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em parceria com Estados e Municípios – em Aracaju, com a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semasc), o Peti tem como objetivo retirar crianças e adolescentes do trabalho, especialmente o perigoso, penoso, insalubre e degradante. Estas crianças e adolescentes participam de atividades socioeducativas – a chamada jornada ampliada - e as famílias recebem uma bolsa mensal. Em 2006, o MDS repassou R$ 323,7 milhões para o Programa, que funciona em 3.388 Municípios brasileiros.

Em Aracaju, as atividades do Peti incluem, além do judô, oficinas de música, percussão, coral, artes manuais, capoeira, leitura e cidadania, na qual são tratados temas como convivência no ambiente escolar e familiar, drogas e violência, entre outros. As atividades socioeducativas e pedagógicas são realizadas em 12 Centros de Referência da Assistência Social (Cras) e em 2 Centros Especializados da Assistência Social (Creas), além de outras unidades, totalizando 29 pontos em Aracaju.

Atletas do Peti - Franciely da Silva Santos é um dos quatro adolescentes do Peti habilitados a participar do Campeonato Norte/Nordeste de Judô, que acontecerá este mês, na cidade de Barreiras (BA). Dos 23 atletas do Peti em Aracaju que participaram do Campeonato Sergipano, 15 conquistaram medalhas. O judô é apenas uma das atividades que Franciely participa, sempre no turno contrário ao das aulas. Ela também faz dança, oficina de cidadania e tem acompanhamento escolar.

“Participar das atividades do Peti é muito bom. O judô aumenta a disciplina, o que também ajuda nos estudos”, conta Franciely, que pretende chegar à universidade para estudar Nutrição ou Educação Física. O dinheiro que ela recebe do Peti ajuda nas despesas da avó, que continua trabalhando na banca de cereais.

Educadora do Peti em Aracaju há cinco anos, Maria José Oliveira Cruz acompanha o desenvolvimento das crianças, muitas já adolescentes. “O que observo é uma maior consciência de cidadania e responsabilidade nas tarefas mais simples. Melhora até a convivência e o respeito na família”, avalia a educadora.

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