quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Ministro da Educação ouve especialistas para melhorar qualidade do ensino médio


Medidas para ampliar o acesso ao ensino médio, aumentar a permanência dos alunos nesta etapa e elevar a qualidade do ensino estão em debate no seminário Ensino Médio de Qualidade: Experiências, Novos Desafios e Proposições. O encontro, nesta quarta-feira, dia 9, na sede do Ministério da Educação, reúne especialistas da área, educadores, secretários e técnicos do MEC, além do ministro da Educação, Fernando Haddad.

“Dados dos últimos quatro anos mostram reação dos anos iniciais do ensino fundamental, cujo influxo deve ser sentido nos anos finais”, disse. “Já na educação superior, estamos investindo na regulação do ensino privado e tivemos 100% de adesão ao Reuni”, exemplificou, referindo-se ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais.

Segundo Haddad, o ensino médio não tem experimentado reações semelhantes devido à visão segmentada das políticas de educação, que deram prioridade a algumas etapas de ensino em detrimento de outras, gerando distorções no sistema educacional. O ministro destacou que, pela primeira vez, o governo federal investe na educação infantil, com recursos para a construção, só em 2008, de 484 creches e pré-escolas na rede pública dos municípios e do Distrito Federal. “As chances de se concluir o ensino médio aumentam em 32% se o aluno tiver acesso à educação infantil.”

Participaram do encontro com Haddad, o ministro-chefe do Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, Mangabeira Unger; a secretária de educação básica, Maria do Pilar Lacerda; o secretário de educação profissional e tecnológica, Eliezer Pacheco, técnicos do Ministério da Educação e educadores.

Para Maria do Pilar, a maior dificuldade para elevar a qualidade do ensino médio passa pelo dilema de entender o perfil do alunado atendido pelas redes. “Temos alunos com profundas diferenças sociais, os quais, ao mesmo tempo, têm muito mais acesso à informação”, observou, em alusão ao fato de muitos desses estudantes, independentemente da classe social, terem dificuldade de assimilar essa grande quantidade de informações. Segundo a secretária, a escola precisa oferecer elementos analíticos sólidos para que o aluno compreenda tanta informação. “No ensino médio, são 12 disciplinas obrigatórias oferecidas a jovens que, muitas vezes, não dominam totalmente a leitura.”

Os especialistas presentes chamaram a atenção também para o perigo de se tratar todo o sistema a partir de resultados médios. “A média é boa para apontar problemas, mas é preciso verificar cada caso”, disse o professor Enio Candotti, da Universidade Federal do Espírito Santo.

Exemplo — A bem-sucedida experiência do Colégio Pedro II foi o exemplo citado pelo diretor Wilson Chieri, que conseguiu mudar o perfil da instituição ao ampliar o acesso de alunos pobres sem prejuízo da qualidade do ensino. Hoje, o colégio, que festeja 148 anos, conta com 12 mil alunos em seis bairros do Rio de Janeiro e em Niterói (RJ). “Pedi aos professores que dedicassem seis meses de reciclagem aos alunos que vinham das favelas”, revelou. Entre as medidas tomadas para oferecer ensino de qualidade a estudantes de todas as classes sociais, o diretor instituiu o ensino de nove anos, antes da obrigatoriedade determinada pelo governo federal, e reforçou a alfabetização.

O ministro Mangabeira Unger propôs a adoção de padrões nacionais de qualidade, a serem seguidos pelas redes locais a partir de um sistema nacional de avaliação e monitoramento, da redistribuição de recursos e de quadros de profissionais das regiões mais estruturadas para as menos favorecidas, além da ajuda aos sistemas locais que tenham dificuldades para alcançar padrões mínimos de qualidade.

O ministro da Educação ressaltou que ações importantes são desenvolvidas na direção do fortalecimento do ensino médio, como a expansão da rede federal de educação profissional e tecnológica, que oferece disciplinas regulares combinadas à formação técnica na modalidade do ensino médio integrado. Citou ainda os recursos do Fundo da Educação Básica (Fundeb), a nova escola técnica aberta do Brasil, que oferecerá educação a distância, e o Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Educação de Jovens e adultos (Proeja), que permite o retorno aos estudos de jovens e adultos que abandonaram a escola, atraídos pela formação profissional aliada ao ensino médio.

Fonte: Portal do MEC

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