quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Mulher de 90 anos passa no vestibular em MG


Aos 90 anos de idade, a aposentada Elisa de Castro Tito, que mora em Belo Horizonte (MG), resolveu mudar de vida. Deixar de lado a idéia de que a idade avançada atrapalha a realização dos sonhos era a meta de Elisa, que passou no vestibular de uma faculdade de Direito.

Ela parou de acompanhar as novelas da televisão e resolveu se inscrever para o vestibular de uma faculdade particular da capital mineira. A surpresa saiu no último dia 12, quando seu nome apareceu na lista dos aprovados para o curso de Direito.

Dona Elisa, que em 1973 se formou em Pedagogia, ainda não havia contado para ninguém na família, mas a escolha do curso foi uma influência dos parentes. A mais nova e ao mesmo tempo experiente caloura do Brasil mora com o filho, que também é advogado, e mais três netos, dois também já formados em Advocacia.

"Meu filho tomou um susto quando no dia da prova pedi para ele me levar à faculdade. Mas não me fez desistir, ao contrário, confiou e me apoiou", relembra.

A consultora em administração Ana Cristina, 38 anos, neta da dona Elisa, e que também faz o curso de Direito na mesma faculdade diz que havia achado estranho o interesse que a avó demonstrava pelas suas aulas nos últimos tempos. "Perguntava se a matéria era legal, como eram os professores, se as taxas eram caras. Cheguei até a pensar que ela estava querendo bancar a minha mensalidade", brinca.

"Agora vou ser colega de faculdade dela. Sei que algumas coisas vão sobrar pra mim, já que vou ter que carregar a mochila pesada e aqueles livros grossos. Mas faço isso com muito orgulho", diz. "Vou apoiar muito. Já disse que ela não vai precisar gastar com cópias, porque vou passar as minhas e posso até emprestar minhas provas antigas para ela se preparar".

Ao ouvir sobre as provas, dona Elisa alerta: "vou lê-las só depois de ter feito as minhas, nada de colar". Ela também já sabe como se portar para conquistar a amizade dos jovens que serão os companheiros de sala.

"Vou estar ali mais para ouvir do que para falar. Não vou impor minhas idéias só porque sou mais velha do que todos. Pelo contrário. Vamos trocar experiências, porque eles também terão muita coisa para mim ensinar".

Prova
No vestibular, o conteúdo cobrado foi de redação, português e conhecimentos gerais. Para ela que é aposentada como professora, as duas primeiras provas foram fáceis. Na outra precisou relembrar das reportagens dos jornais e das discussões na família de advogados.

Durante a entrevista, Dona Elisa se dispôs a comentar alguns assuntos que nos últimos dias foram manchetes dos jornais, como se ela estivesse novamente à frente das provas do vestibular. As respostas revelam a lucidez com que essa senhora chegou ao 90 anos de idade, tornando-se um exemplo para a família e, a partir de fevereiro do ano que vem, quando começam as aulas, para os colegas de classe.

CPMF
"Logo que iniciaram as conversas sobre a CPMF eu tive a curiosidade de perguntar ao meu filho o que era isso. Na minha opinião, eu acho válido porque constrange os grandes empresários que sonegam impostos. Mas o dinheiro precisa ser mesmo todo enviado à saúde".

Abuso no Pará
"Achei um absurdo os delegados e a juíza desconhecerem o drama daquela menina em uma cela no meio a tantos homens. Ela foi uma mártir"

Mulheres no poder
"Tem a Ellen Grace aqui no Brasil que é presidente do STF. No Chile uma mulher é presidente do país. Agora chegou outra mulher na presidência da Argentina, não é? Isso é muito bom, mas no caso da Argentina ela precisa ser independente do marido, tem que ser autêntica, senão não faz diferença ser mulher".


Terremoto em Minas
"Até a Terra está tremendo por causa dos acontecimentos aqui de cima", brinca. "Achei estranho porque sei que o relevo aqui são antigos e por isso não tremiam, mas algo deve estar mudando na geografia."

Alzheimer
"Tem muito pesquisador tentando descobrir a origem dessa doença, não é? Não sabem se é degeneração do tipo genética ou se seria causada por falta de atividade na velhice. Acho que a gente não pode deixar a peteca cair, as dificuldades da idade aparecem para todo mundo", comenta, ao mostrar suas pinturas em tela e cerâmica, que fazia há até dois anos atrás.

Fonte: Portal Terra

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