domingo, 12 de agosto de 2007

Conselhos municipais de educação receberão computadores

Os 1.830 conselhos municipais de educação cadastrados no Sistema de Informações dos Conselhos Municipais de Educação (Sicme) em 2006 podem assinar um acordo de cooperação com o Ministério da Educação para ganhar um computador e uma impressora a laser. O acordo de cooperação deve ser firmado pelo prefeito do município com a Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC) nesta sexta-feira (10).

O objetivo do ministério é informatizar as atividades dos conselhos, capacitar professores pelo ensino a distância e potencializar o cadastro disponível no Sicme. Depois de preencher os dados disponíveis na página eletrônica da SEB, o dirigente municipal deve encaminhar os documentos necessários para: Pró-Conselho — Ação Computadores, Esplanada dos Ministérios, bloco L, 5º andar, sala 514, CEP 70047-900 Brasília (DF).

Fonte: MEC

Câmara promove ciclo de seminários internacionais Educação no Século 21

Com o objetivo de contribuir para o debate nacional sobre a importância da qualidade na educação e para a busca por soluções estruturais para a transformação do sistema educativo brasileiro, a Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados promove nos dias 13 de agosto, 17 de setembro e 15 de outubro de 2007, no Auditório Nereu Ramos, no Congresso Nacional, em Brasília, o Ciclo de Seminários Internacionais Educação no Século 21: modelos de sucesso.

Os eventos contarão com renomados conferencistas da Europa, da Ásia e das Américas que apresentarão experiências internacionais bem-sucedidas, tanto em termos de políticas educacionais quanto da adoção de novos modelos e programas formativos.

Fonte: MEC

Combate ao analfabetismo

As Nações Unidas lançaram em 2003, a Década da Alfabetização, considerada um reforço à 2ª. Meta do Milênio: alcance universal da educação primária. Atualmente, 20% da população mundial não sabem ler nem escrever. Acompanhe como o Brasil vem tentando combater o analfabetismo.

A alfabetização é um processo simples, mas que leva tempo. Para um aluno ser capaz de ler um simples bilhete ou escrever seu póprio nome, ele precisa aprender o alfabeto, soletrar sílabas e reunir palavras. Os resultados, no entanto, são enriquecedores e trazem mudanças positivas, segundo professores e alunos.

Mas essa realidade ainda não é comum a todos. O senador brasileiro, Cristovam Buarque, ex-Ministro da Educação do Brasil, diz que a educação, infelizmente, ainda não é considerada fundamental no país.

“A educação não é um valor fundamental no imaginário da população brasileira, seja pobre ou seja rica. O rico gasta dinheiro na educação do filho não é para que ele seja educado, é para que ele tenha um bom salário depois de adulto. O pobre no Brasil ficou tão acostumdao a ser relegado que ele não considera a educação como algo fundamental. Um pobre brasileiro acredita que tem direito a ter um carro igual ao rico, mas não acredita que tem direito de ter uma escola igual à do rico”, disse.

A realidade das pessoas que não sabem ler e escrever não é nada fácil e a falta de expectativa de finalmente ter acesso à educação fez com que pessoas como João José de Souza, um agricultor de Mamanguape, no interior da Paraíba, arranjasse seus próprios meios de levar a vida.

“Eu nunca fui na escola, não aprendi a ler nada mas sempre fui inteligente: planto macaxeira, inhame, batata e tenho até uma casinha que eu fiz. Eu me martirizo porque não aprendi nada, mas não tem mais jeito então eu vou escapando até o dia que Deus quiser. Quando eu não sei, eu falo com o povo. Eu tenho andado por todos os cantos e nunca me perdi, aí quando tem uma pessoa mais velha, mais inteligente, eu pergunto para ele. Carta eu não escrevo para ninguém. Notícia só falando assim. Eu mando os outros lerem e eu escuto”, disse.

Quando foi inaugurada, a Década da Alfabetização, em 2003, pela Assembléia Geral das Nações Unidas, houve um grande entusiasmo de líderes governamentais em agir em seus países para encarar o problema e atingir metas de redução no analfabetismo até 2012.

Mas segundo analistas, a questão da educação no mundo requer muito mais do que iniciativas. Assim como uma boa lição, a implementação de projetos educacionais precisa de planejamento, dedicação e investimentos a longo prazo.

Segundo Cristovam Buarque, é preciso que haja campanhas não apenas de alfabetização, mas também para a erradicação dela.

“É inacreditável que em pleno século 21, o mundo ainda tenha tantos milhões de analfabetos adultos. O pior é que isso pode ser resolvido sem grandes dificuldades. Quando faz-se uma campanha de erradicação, vai-se às prefeituras, às ONGs, às igrejas, às famílias e mobiliza-se todo mundo com um prazo para concluir o trabalho. Essa é a grande diferença, a erradicação define um prazo, assim como a Década da Alfabetização das Nações Unidas. Quando isso é feito pouco a pouco, afabetiza-se menos do que os novos adultos que chegam analfabetos pelo fracasso das escolas das crianças”, disse.

Durante a cerimônia de abertura, o Diretor-Geral da Unesco, o Embaixador Koïchiro Matsuura, afirmou que "por meio da alfabetização os menos favorecidos podem encontrar sua voz”.

Para o diretor do Departamento de Educação de Jovens e Adultos do Ministério da Educação e Cultura no Brasil, Timothy Ireland, é importante mobilizar através da educação explicando como a vida, após o aprendizado, pode mudar, mas não necessariamente revolucionar.

“Mobilizar e sensibilizar as pessoas para que eles entendam que a alfabetização deve contribuir para melhorar a qualidade de suas vidas. Não pode ser uma mobilização que engana. Eu acho que a educação freqüentemente muda a vida mas não vai revolucionar, e a pessoa não vai passar a ganhar muito mais por ser alfabetizado, mas tem vários aspectos de sua vida que vão melhorar”, disse.

No Brasil, o número de analfabetos começou a diminuir somente nos últimos 20 anos. Hoje em dia, são 15 milhões de analfabetos absolutos, dos quais 3 milhões têm idade entre 15 e 29 anos.

De acordo com o relatório da Unesco, o Brasil está entre os países que estão seriamente em risco de não conseguirem atingir a meta de 80% de alunos alfabetizados nos próximos cinco anos.

Para mudar essa realidade, o Ministério da Educação conta com o programa nacional “Brasil Alfabetizado”, apoiado pela Unesco. Segundo Ireland, o programa está progredindo mas os resultados não são vistos.

“Ao longo do período de 2003 a 2006 foram atendidos mais de 7 milhões de jovens e adultos em salas de aulas de alfabetização, mas este número não se reflete na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio). A Pnad capta que o Brasil está fazendo um esforço grande mas não há uma redução que esperávamos”, disse.

O índice de analfabetismo ainda é mais alto em áreas rurais, como no Pará, o norte de Minas Gerais e a região nordeste do país, que é o foco do programa. De acordo com o MEC, a área concentra hoje 90% dos municípios brasileiros com taxa de analfabestismo superior a 35%.

Gileusa Santos, moradora de Santa Rita, na Paraíba, é um exemplo disso. Com 44 anos, ela nunca pode estudar porque era a mais velha de uma família com mais de 20 irmãos.

“Apesar de eu ser analfabeta, eu gosto de me informar. Eu sei as primeiras letras. Eu conheço as letras, só não sei formas as palavras. Eu sei quais são os ônibus que eu pego para os lugares, identifico bem assim mesmo. Eu não aprendo porque não ligo”, disse.

A Unesco chama atenção para o fato de que educar adultos não é o mesmo que educar crianças. Para pessoas que não foram educadas durante a infância, é necessário que sejam consideradas as suas prioridades durante a aprendizagem para manter o alunos interessados e engajados, como explica o senador Cristovam Buarque.

“É difícil aprender a ler depois de uma certa idade. O adulto foge de ser alfabetizado pela dificuldade. O adulto trabalha, o professor então tem uma dificuldade tremenda. Além disso o próprio processo cognitivo, a capacidade de aprender, é mais fácil numa criança do que num adulto. Por isso, o método de alfabetizar o adulto tem que chegar à maneira como ele pensa o mundo, tem que motivá-lo conforme o aprendizado dele pode beneficiar na sua vida, no dia-a-dia”, explicou.

Um aspecto simples mas extremamente importante quando considera-se alfabetização já adulta é questão da visão. Muitos adultos que voltam às salas de aula, acabam tendo dificuldades na hora de enxergar o quadro, como explica o professor Luis Antônio dos Santos, professor municipal do estado do Rio de Janeiro.

“O que eu vejo colegas reclamando é que a maioria das pessoas com mais idade têm mais dificuldades para enxergar e para entender, mas eu acho que isso são coisas que podem ser resolvidas,” disse.

Na Tanzânia, por exemplo, na década de 70, o número de alunos alfabetizaados dobrou após uma grande campanha nacional, onde mais de um 1 milhão de óculos foram distribuídos e livros e documentos começaram a ser impressos com letras maiores.

Mas o analfabetismo é apenas o primeiro problema a ser resolvido, a grande questão ainda é a quantidade de alunos que deixam a escola sem ter a capacidade real de utilizarem seus conhecimentos adquiridos na prática. Esse tipo de situação, extremamente conhecido no Brasil, é chamado de analfabestismo funcional, ou seja, alunos que foram alfabetizados mas não chegaram a completar nem quatro anos de estudos para concluírem o Ensino Fundamental e não possuem as habilidades necessárias para satisfazer as demandas do seu dia-a-dia e se desenvolver pessoal e profissionalmente.

Em todo o mundo, duas em cada três crianças não terminam os quatro anos de educação após a alfabetização. No Brasil os últimos números mostram que existem mais de 32 milhões de analfabetos funcionais, ou seja, 26% da população de 15 anos ou mais de idade.

Um bom exemplo é o uso da matemática que, apesar de ser considerada uma língua mundial, atualmente é preciso que se tenha um conhecimento da cultura ocidental para ser capaz de entender os cálculos. Nisso inclui-se a capacidade de ver as horas, calcular as estações, e fazer medidas simples.

O agricultor João explica que a necessidade de entender os cálculos fez com que ele se interessasse pela matemática.

“Conta eu sei, não faço ela mas eu entendo todinha. Essas continhas de supermercado, quando o cabra faz eu sei todinha. Eu chego em casa confiro e dá certinho. Direitinho eu confiro. Tudo que eu vou fazer, eu já sei como é que é”, disse.

O custo de educação ainda é um dos maiores obstáculos pois programas educacionais precisam ser cuidadosamente implementados e isso requer tempo.
De acordo com o MEC, até o final de 2007, R$ 300 milhões serão destinados à alfabetização de jovens e adultos no país, R$ 100 milhões a mais que em 2006.

Um preço, que pode ser alto para muitos, mas que produzirá dividendos sem valor.

Ouça esta notícia em http://webcast.un.org/radio/portuguese/mp3/2007/09August-nua-analfabetismoA.mp3

Fonte: Rádio ONU

Aprender para ensinar

O Fórum Permanente de Professores da Universidade de Brasília (UnB) oferece, atualmente, mais de 20 cursos de formação para educadores dos ensinos fundamental e médio. Quatro deles têm início ainda esta semana. As matrículas podem ser feitas no site http://www.gie.cespe.unb.br e o investimento pode ser pago em até quatro parcelas. Veja quais são eles:

1. Magistério: prazer e sofrimento no trabalho docente - A proposta da capacitação, com 40h de duração presenciais, é estimular a análises do magistério e a reflexão sobre os problemas da profissão. As aulas começam na sexta-feira, 10 de agosto, e seguem até 02 de novembro. Os encontros presenciais serão às sextas-feiras, das 14h às 17h, na UnB. O investimento é de R$ 25,00.

2. Marxismo - Por meio dele, os professores poderão aprender a fazer uma leitura crítica da sociedade burguesa, que será oferecido a partir de sexta-feira, 10 de agosto. A atividade semipresencial terá 60h de duração, com investimento de R$ 50,00. As aulas serão sempre às sextas-feiras, das 14h às 18h, no Auditório do Instituto de Ciências Humanas.

3. Formação de professores: memória educativa e subjetividade - Começa no sábado, 11 de agosto, e pretende ajudar no resgate da memória e história de vida dos professores para promover o reconhecimento da importância dessas experiências. O curso semipresencial tem 120h de duração, e segue até 2 de dezembro, com encontros aos sábados das 8h às 12h, na Faculdade de Educação da UnB. O investimento é de R$100,00.

4. Teorias motivacionais aplicadas na escola - Os professores poderão aprender técnicas de motivação para despertar o interesses dos estudantes. O curso semipresencial terá 120h de duração com investimento de R$ 100,00. Os encontros presenciais serão sempre aos sábados, das 9h às 13h, no auditório da Faculdade de Educação Física da UnB. Começa no sábado, 11 de agosto.

Informações pelo telefone (0xx61) 3448 0350.

Fonte: UnB Agência

Os países ricos estão em dívida com o meio ambiente

Por Wangari Maathai (*)

Nairóbi, agosto/2007 – A África será o continente mais prejudicado pela mudança climática. Chuvas e inundações imprevisíveis, secas prolongadas e rápidas desertificações, entre outros sinais do aquecimento global, já começam a mudar a face da África. Os pobres e os mais vulneráveis do continente serão particularmente golpeados pelos efeitos do aumento da temperatura, que em algumas regiões estão subindo duas vezes mais rápido do que no resto do mundo.

Nos países ricos, a iminente crise climática é motivo de preocupação já que afetará tanto o bem-estar das economias quanto as vidas das pessoas. Mas na África, região que apenas contribuiu para o fenômeno porque suas emissões de gases causadores do efeito estufa são minúsculas em comparação com as do mundo industrializado, se tratará de uma questão de vida ou de morte. A África não pode permanecer em silêncio diante das realidades da mudança climática e de suas causas. Por esta razão, quando os chefes de Estado do G-8 realizaram sua última reunião, em Heiligendamm, na Alemanha, enviei-lhes uma petição exortando os países industrializados a darem o exemplo, já que eles são amplamente responsáveis pela mudança climática e a eles cabe dar os passos mais decisivos para combatê-lo.

Como os maiores contaminadores, as nações industrializadas também têm a responsabilidade de ajudar a África a reduzir sua vulnerabilidade e incrementar sua capacidade para se adaptar à mudança do clima. Sabemos que existe um forte vínculo entre o meio ambiente, as formas de governo e a paz. É essencial que ampliemos nossas definições de paz e segurança para incluir nelas o manejo responsável dos limitados recursos existentes no planeta, bem como uma distribuição mais eqüitativa.

Muitos dos conflitos e das guerras que ocorrem no mundo são sobre acesso, controle e distribuição de recursos como a água, os combustíveis, as pastagens, os minerais e a terra. Bastaria ver o que ocorre em Darfur. Em décadas recentes o deserto se estendeu no oeste do Sudão devido a secas e chuvas irregulares que em parte podem ser atribuídas à mudança climática. Como resultado disso, os agricultores e os pastores se enfrentaram pela escassez de terras aráveis e de água, o que foi aproveitado por líderes inescrupulosos que usaram estes conflitos para provocar uma violência em massa. Centenas de milhares de pessoas foram assassinadas e muitas mais tiveram que abandonar suas casas em meio a campanhas de intimidação, violações e seqüestros.

Mas com uma melhor administração dos recursos e com o reconhecimento dos vínculos entre o manejo sustentável dos recursos limitados e os conflitos temos mais possibilidades de evitar as causas primordiais dos conflitos civis e, portanto, de criar um mundo mais pacífico e seguro.

Pórem o meio ambiente se deteriora lentamente e isso pode não ser notado pela maioria das pessoas. Se elas são pobres ou se são egoístas ou invejosas estarão mais preocupadas com sua sobrevivência e pela satisfação de suas necessidades imediatas ou de seus desejos do que com as conseqüências de suas ações. Infelizmente, a geração que destrói o meio ambiente não costuma pagar o preço correspondente. Serão as futuras gerações que deverão sofrer as conseqüências das atividades destrutivas da atual geração.

Em questão de mudança climática estamos chamados a empreender ações. Muitos países do mundo que têm grandes florestas e uma considerável vegetação que cobre suas terras conservam sua biodiversidade e gozam de um ambiente saudável e limpo. Mas alguns estão dedicados a um destrutivo desmatamento e a estragos de biodiversidade em florestas distantes de suas fronteiras. É urgente que vejamos o mundo como um todo e que procuremos proteger não só o meio ambiente local, mas também o global.

Sente-se uma constante pressão para sacrificar florestas a fim de dar espaço a assentamentos humanos, cultivos ou industrias. Essas pressões não farão mais do que aumentar em um mundo afetado pelo aquecimento atmosférico e no qual o clima será mais irregular. Para certos políticos interessa mais sacrificar o bem comum a longo prazo e a responsabilidade entre gerações frente à conveniência e às oportunidades do momento atual.

Mas moralmente, é necessário que atuemos pelo bem comum de todos. E que assumamos a responsabilidade de proteger os direitos das próximas gerações e de todas as espécies. O desafio global da mudança climática requer que exijamos isso de nossos líderes e de nós mesmos. (IPS/Envolverde)

(*)Wangari Maathai, é prêmio Nobel da Paz 2004, membro do Parlamento do Quênia e fundadora do Green Belt Movement (http://www.greenbeltmovement.org).


Fonte: IPS