sábado, 2 de junho de 2007

Alunos acertam 45% no exame do ensino superior

Brasília - Os resultados do Exame Nacional de Desempenho (Enade) 2006, que avalia a qualidade do ensino superior, foram divulgados nesta quinta-feira (31). Numa escala de 0 a 100, o desempenho médio dos mais de 386 mil alunos avaliados foi de 45,4 na prova de formação geral, aplicada a todos os estudantes das 15 áreas de conhecimento incluídas, tanto formandos quanto calouros.

Os estudantes de arquivologia foram os melhores, com 50,7, seguidos pelos de turismo (49,65) e direito (48,55) - todos acima da média. Os piores foram os de administração (42,1), seguidos pelos de ciências contábeis (44,15) e secretariado executivo (44,5).

Outro resultado se refere ao Conceito Enade, que varia de 1 a 5 e avalia de forma conjunta o desempenho dos alunos ingressantes e concluintes. Ficaram na média (conceito 3) 49,2% dos cursos (1.914), enquanto 27,9% (1.085) obtiveram conceitos baixos (entre 1 e 2) e 23% (895) tiveram de 4 a 5. Nem todos os 5.701 cursos avaliados (em 1.600 instituições de ensino superior) foram submetidos a esta análise.

O presidente do Instituto Nacional de Pesquisas Educacionais (Inep), Reynaldo Fernandes, destacou que o papel do Enade é mostrar a situação das instituições. “Uma determinada escola pode ver, comparar com escolas semelhantes com perfil de alunos semelhantes. Isso é importante porque estimula a saber por que está melhor, por que está pior, como faz para melhorar”.

Ele destacou ainda que “toda essa divulgação visa a mobilizar as instituições e com isso elevar o nível geral da educação superior o país”.

Os cursos avaliados são: administração, arquivologia, biblioteconomia, biomedicina, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito, formação de professores (normal superior), música, psicologia, secretariado executivo, teatro e turismo.

O presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, informou que a divulgação do Enade encerra o ciclo de avaliações de 48 cursos iniciado em 2004. Naquele ano, entraram as áreas de saúde e agronomia. Em 2005, engenharia e licenciatura. No ano passado, ciências sociais aplicadas e biomedicina.

De acordo com ele, agora será possível fazer uma análise da qualidade dos cursos nas diferentes instituições. “Essa comparação é sempre difícil de fazer. Mas além disso, estamos fazendo as avaliações in loco. Acho que essa seria a melhor forma de definir se os cursos são bons ou ruins, enquanto o Enade só mostra cursos melhores ou piores”.

Os cursos avaliados na última edição foram: administração, arquivologia, biblioteconomia, biomedicina, ciências contábeis, ciências econômicas, comunicação social, design, direito, formação de professores (normal superior), música, psicologia, secretariado executivo, teatro e turismo.

Fonte: Agência Brasil

Escolas já podem enviar dados para o censo escolar

Começou nesta quinta-feira (31) o prazo para as escolas prestarem, via internet, as informações necessárias para o Censo Escolar da Educação Básica de 2007. Os dados serão informados pelas escolas por meio do sistema Educacenso.

Nas escolas sem internet, o preenchimento será feito no formulário em papel. A digitação dos dados no sistema pode ser feita nas secretarias estaduais ou municipais de educação ou em delegacias regionais da secretaria estadual.

Realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC), o censo abrange todas as etapas ou níveis (educação infantil, ensino fundamental e médio) e modalidades da educação básica (ensino
regular, educação especial, educação de jovens e adultos e educação profissional de nível técnico). Os dados servem como base para programas do governo, como o do livro didático e da merenda escolar, e para o Fundo da Educação Básica (Fundeb).

O Educacenso estará disponível na página eletrônica do Inep http://www.mec.gov.br/inep/educacenso.


Fonte: Nota 10

Escolas precisam estimular a devolução de livros didáticos

Manaus — Como melhorar os índices de devolução dos livros fornecidos pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) aos alunos da educação básica da rede pública de ensino? Nesta quinta-feira (31), os 200 técnicos e gestores presentes ao 11º Encontro Nacional do Livro Didático, em Manaus (AM), participaram de palestras, oficinas e debates em busca de fórmulas e ações para aumentar o número de livros devolvidos no final do ano letivo.

Levantamento feito pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE/MEC), órgão responsável pelo PNLD, revela que apenas 53,5% dos livros didáticos entregues na região Nordeste são devolvidos no final do ano. Na região Norte, esse índice é de 59%; no Centro-Oeste, 59,4%; no Sudeste, 67,8%; e no Sul, 72,8%. O estudo foi baseado no Sistema de Controle de Reserva Técnica e Remanejamento (Siscort), do FNDE, que envolveu 5.613 escolas públicas de todo o país — que representam 12,2% do universo de escolas contempladas com livros de 5ª a 8ª séries do ensino fundamental no PNLD, em 2005.

“Diretores, professores, pais e alunos devem se conscientizar de que a devolução é fundamental para o sucesso do programa, já que os livros distribuídos pelo governo federal devem ser usados durante três anos, passando de um aluno para outro”, diz Sônia Schwartz, coordenadora-geral em exercício dos programas do livro do FNDE. “Se os livros não são devolvidos, no ano seguinte vão fazer falta a outros alunos.”

De acordo com Sônia, existem ações simples que podem ser promovidas pelos estados, municípios e escolas para estimular a devolução. “Fazer uma gincana no final do ano, marcar uma prova com consulta do livro, ou criar o Dia da Devolução, com avisos nas rádios e nos jornais locais, são medidas simples que têm se mostrado eficazes.” No entanto, uma pesquisa feita pelo PNLD, revelou que apenas 13,5% das escolas realizam algum evento especial no final do ano, visando à devolução. “Aumentar o número de livros devolvidos significa economizar recursos para que o FNDE possa implementar ações de fornecimento de novos materiais didáticos”, diz Neuza Portugal, coordenadora de contratos e convênios do PNLD. (FNDE)

Fonte: MEC

Dez anos sem Paulo Freire

Maio de 1997. O mundo perdia um de seus maiores pensadores da Educação, Paulo Freire. Segundo sua viúva, a historiadora Ana Maira Araújo Freire, há 10 anos o mundo não perdeu o maior filósofo da educação, mas sim ganhou o legado de um ser humano que amava a vida e que, durante todo o seu percurso, foi incapaz de parar de indignar-se e de desistir da humanidade.

Para comemorar a data, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde Freire lecionou, promoveu o encontro "Dez anos da ausência / presença de Paulo Freire", na cidade de São Paulo. Mais do que comemorar, quer dizer, lembrar em conjunto, a data é para ser confraternizada para o filósofo e último orientando de Paulo Freire, Mário Sérgio Cortella. "Toda a obra do mestre Freire é isso, um encontro de fraternos. A fraternidade para ele era um modo de convivência. Muitos me perguntam como foram esses anos sem sua presença. Digo que não haverá ano algum sem Paulo Freire. A vitalidade de sua obra ainda está conosco", disse.

Detentor de 34 títulos honoris causa, recebidos em vida e mais cinco entregues depois de sua morte, Paulo Freire é, hoje, referência para qualquer pesquisador que deseja estudar Educação. "Dizer que ele apenas criou um método é amesquinhar toda sua obra", analisou com grande intimidade a viúva, diante de um teatro lotado, com educadores sentados no chão. "Existem mais de 300 escolas brasileiras com o nome Paulo Freire. E, em setembro deste ano, a Universidade de São Paulo (USP), finalmente, concederá o título honoris para Paulo", disse, seguida de fortes aplausos.

Resgatando um pouco da vida do educador, sua esposa lembrou que a maior parte do aprendizado de seu ex-marido foi conquistado a partir do diálogo com os pobres. "Paulo me dizia que foi em Jaboatão - município do interior de Pernambuco - que o contato com a pobreza ficou mais forte. Depois de passar fome por causa da crise de 1929, ele saiu de Recife (PE), onde nasceu em 1921, e foi para o interior. Lá, a intuição começou a guiá-lo para o caminho da Educação", disse.

"Paulo Freire vivia de forma dialógica, sempre trocando. Crescendo e fazendo as pessoas crescerem junto. Isso não era um método, era um princípio ético. Ele ensinava o que sabia. Praticava o que ensinava. E perguntava o que desconhecia. Quer dizer, respeitava o outro como fonte de vida, conhecimento e amorosidade", descreveu Cortella.

"Vocês podem perguntar: todo o conhecimento de Paulo era obtido pela intuição e por conversas?. Repondo que não. Paulo lia e lia muito", explicou sua mulher. Mas, para atingir a importância que a obra tem hoje, os textos de Freire não ficavam reproduzindo sua erudição, muito menos apenas dialogando com a produção acadêmica. "A burguesia vai a feiras de antiguidades comprar o passado. Enquanto isso, os pobres precisam promover mutirões para construir o futuro. E isso que Freire fez. Com muitas mãos juntas procurou, como dizia e escreveu, o inédito viável, sempre brigando pela dignidade coletiva e nunca achando que não restavam alternativas", explicou o educador.

Cortella lembrou que muitos da nova geração de educadores, que começam a ler os originais de Paulo Freire, acham óbvias as idéias expostas. "Muitos dizem, já li isso em algum lugar. É claro, foi Paulo quem disse e os novos autores basearam-se nele", explicou. "Por isso que a obra de Freire continua tão atual. Existem muitas novidades na área da educação, mas que são passageiras. Ao contrário, o que Freire escreveu foi novo, quer dizer, veio, instalou-se, transformou-se e permaneceu. Sempre sendo irrigado intelectualmente e nunca perdendo a vitalidade", completou.

Cortella, que sucedeu Paulo Freire na secretaria da educação da cidade de São Paulo no início da década de 1990, lembra dele como um líder. "Eu ia animado levar bronca, porque sabia que ia sair da sala dele sempre melhor do que entrei. O chefe você teme. O líder você respeita e admira. Ele ensinava sem humilhar", disse.

Apesar de tudo isso, Cortella lembra que Freire não é unanimidade. "Isso é muito bom. Paulo era compromissado com a vítima e, se todos concordassem com ele, seria muito estranho", concluiu.

Fonte: O Aprendiz

UNE pede volta de política de assistência estudantil

Brasília - A União Nacional dos Estudantes (UNE) pediu nesta quarta-feira (30) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva recursos para ajudar alunos de universidades públicas que estejam com dificuldades financeiras.

O presidente da entidade, Gustavo Petta, estima que seriam necessários pelo menos R$ 200 milhões por mês. Segundo ele, o Ministério da Educação (MEC) já teve uma política específica para esse tipo de assistência, mas foi extinta no segundo mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Petta acrescenta que a falta de assistência para, por exemplo, custear transporte e alimentação tem dificultado a permanência dos estudantes mais pobres nas universidades.

“Sabemos que muitos estudantes estão chegando à universidade, mas não conseguem concluir o curso porque não têm acesso à alimentação, transporte, a uma política de assistência estudantil”, observou. “O índice de evasão vem crescendo diante da falta de política para os estudantes com mais dificuldade financeira”.

De acordo com Petta, o presidente Lula afirmou que vai avaliar a demanda. “Não precisa de aprovação do Congresso Nacional. É uma decisão do Executivo”.

No dia 6 de junho, estudantes do país estão organizando manifestações para marcar o Dia Nacional de Mobilização para a Assistência Estudantil.

"Na semana que vem, será o dia nacional de mobilização em torno dessa questão. Muitas reitorias serão ocupadas, muitas manifestações vão acontecer para, exatamente, pressionar o governo a adotar medida para ajudar esses estudantes a continuarem estudando".

Outro pedido da UNE é ajuda do governo federal para reconstruir a sede da organização no Rio de Janeiro. O local foi demolido e queimado na ditadura militar.

Fonte: Agência Brasil

domingo, 27 de maio de 2007

Escolas que atingirem metas de qualidade serão premiadas

A distribuição de recursos excedentes para escolas que atingirem as metas do Índice Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi destacada pelo secretário de educação básica do Ministério da Educação, Francisco das Chagas, nesta quinta-feira, 24, no lançamento do Plano Nacional da Educação (PDE), em Fortaleza. “O PDE vai reconhecer o esforço de todas as escolas com a distribuição de mais recursos pelo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE)”, disse.

A partir de 2008, as transferências do PDDE serão acrescidas de uma parcela de 50%, a título de incentivo, para as instituições urbanas que cumprirem as metas intermediárias do Ideb. Já as escolas rurais receberão o dinheiro, a partir deste ano, independentemente do seu desempenho no Ideb. A verba do PDDE é aplicada em despesas de custeio, manutenção e pequenos investimentos.

O secretário de educação continuada, alfabetização e diversidade do MEC, Ricardo Henriques, apresentou o novo Brasil Alfabetizado aos prefeitos, secretários estaduais e municipais de educação presentes. Redesenhado para atender jovens analfabetos com mais de 15 anos, o programa pretende combater a evasão e aumentar a responsabilidade de estados e municípios para ampliar a rede de alfabetização de jovens.

Ricardo Henriques também destacou a criação de dois selos voltados para a diminuição do analfabetismo do País. O Selo Município Livre do Analfabetismo vai premiar as cidades que em 2010 atingirem taxa de analfabetismo de até 4%. “Do total dos 5.564 municípios brasileiros, apenas 64 têm esse índice, hoje”, revelou. Já o Selo Município Alfabetizador será distribuído às cidades que reduzirem em 50% sua taxa de analfabetismo entre 2000 e 2010.

Fonte: MEC

Câmara adia votação de emendas à MP que regulamenta o Fundeb

Brasília - A Câmara dos Deputados adiou para terça-feira (29) a votação das emendas apresentadas pelo Senado à Medida Provisória 339, que regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb).

O adiamento atende à relatora da matéria, deputada Fátima Bezerra (PT-RN), que pediu prazo para concluir seu parecer às emendas, cuja votação estava prevista para hoje. Ela argumentou que os deputados só tiveram acesso às emendas aprovadas pelos senadores ontem (23) e que os líderes partidários querem analisar o impacto das mudanças propostas.

Entre as emendas aprovadas pelos senadores estão a que adia de 2008 para 2009 o prazo para o início da "ponderação programada" para os repasses do fundo. Esse fator equilibra a distribuição entre os níveis de educação (infantil, fundamental e médio) e tipos de ensino (especial, rural e urbano).

Com o adiamento aprovado pelos senadores, as prefeituras teriam um ano livre para negociar a distribuição, com o Congresso Nacional e o Executivo. As regras atuais não incluem o ensino infantil, creches e ensino médio.

As emendas do Senado também estabelecem diferenciação entre creches públicas e conveniadas, a fim de incentivar o poder público a manter creches próprias. Na Câmara, havia sido incluída no texto da MP a possibilidade de atendimento a creches conveniadas com os recursos do Fundeb.

Fonte: Agência Brasil

Portadores de necessidades terão tratamento especial durante Enem

Os estudantes com necessidades educacionais especiais que pretendam fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) podem ficar despreocupados. Serão oferecidas todas as condições para a realização das provas, desde que o estudante declare, no momento da inscrição, o tipo de atendimento especial do qual precisará.

Os estudantes cegos, por exemplo, receberão provas em braille. Os que apresentarem deficiência visual séria, parcialmente corrigida pelo uso de lentes, terão a prova ampliada para o tamanho de letra correspondente ao corpo 24 das publicações impressas. Se necessário, também pode ser oferecido o auxílio de um leitor.

Os alunos surdos terão a ajuda de pessoas com domínio da linguagem brasileira de sinais, a libras, para interpretar a prova. Àqueles com deficiência física ou com séria dificuldade de locomoção será garantida a realização das provas em salas de fácil acesso. Já os participantes incapazes de efetuar a marcação do cartão-resposta receberão auxílio para transcrição da parte objetiva da prova e da redação.

Os participantes que necessitarem de algum tipo de apoio que torne mais lenta a resolução do exame terão uma hora a mais para fazer a prova. Outros casos de necessidades especiais serão assinalados na ficha de inscrição e comunicados ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep/MEC), por meio de laudo médico, com as especificações do tipo de atendimento necessário, até 29 de junho.
Fonte: MEC

Inclusão do diferente na escola pública é possível

"Para integrar um aluno com síndrome de Down reorganizamos toda a estrutura da escola. Aos poucos ele, que antes ficava excluído das atividades da sala de aula, agora, está trabalhando com letras móveis e acompanha toda a rotina das atividades normais da 1ª série", contou Silvana Lucena dos Santos Drago, Professora de Apoio e Acompanhamento à Inclusão (PAAI), durante II Simpósio Interinstitucional sobre Inclusão e VI Encontro Nacional das Unidades Universitárias Federais da Educação Infantil, que acontece na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), na cidade de São Paulo.

Segundo Drago, a professora da 1ª série do ensino fundamental de uma escola municipal da zona sul de São Paulo, inocentemente, isolava a criança com Down. Ela colocava a mesa da criança ao lado da dela, fazendo com que ele fizesse atividades mais simples que as do resto da turma e deixando que ele saísse da sala de aula de acordo com a sua vontade. "Ele é um menino bastante sedutor e afetuoso. Toda escola gostava de ver ele sair da sala e andar pelos corredores. Ele entrava nas outras salas de aula, visitava a diretora", disse. Ela contou ter tido muita cautela ao tratar do assunto com a professora, respeitando o próprio desconhecimento das escolas em relação aos PAAIs e outras iniciativas de inclusão do município.

Segundo ela, em reuniões periódicas, foi possível reorganizar desde o posicionamento das carteiras - que passou a ser em círculos - até a confecção de cartazes com as regras da sala, construídas pelos próprios alunos e a leitura diária da rotina e dos afazeres escolares. "Todo dia, a professora passou a ler que, em determinado horário, todos comiam, depois estudariam matemática e depois era hora da história. Isso ofereceu a organização que o garotinho precisava para se ordenar no cotidiano da escola e, mais ainda, com as normas, ele deixou de ser diferente e também não mais saía sem pedir permissão para brincar nos corredores", contou. Hoje a criança está em processo de alfabetização.

De acordo com Maria de Lourdes Campos Cruz, da Coordenadoria de Educação da Penha, é essa a função dos PAAIs, que são 52 na rede municipal, número ainda pequeno para atender os mais de 12 mil alunos com deficiência matriculados na rede regular. "Na rede municipal existem 113 Salas de Apoio à Inclusão (SAAI,) que têm estrutura e elementos pedagógicos que favorecem a inclusão e o trabalho com as peculiaridades do imenso grupo de alunos". São 92 salas para deficiência mental, nove para física, seis para visual e seis para auditiva. "Existem ainda 20 casos de superdotação, que também requerem atenção especial do serviço de inclusão do município".

Para Cruz, a idéia é que a escola comece a olhar com a sua própria experiência e no seu próprio quadro de funcionários como pensar a diferença, paralelamente a uma formação continuada específica, que utiliza material produzido pelos professores e funcionários da própria rede. "O primeiro volume se dedica à alfabetização de surdos", conta a professora que acredita que a especialização de um funcionário não garante tranqüilidade no processo de inclusão. "É preciso aprender junto ao PAAI responsável, aos coordenadores, a todo grupo de professores e junto a todos estudantes com alguma especificidade", explicou.

Para Lia Diskin, da Associação Palas Athena, a inclusão é uma atitude embasada em um tripé que compreende a relação da pessoa com o mundo, da pessoa com o outro e da pessoa consigo mesma, levantando a tríade de honestidade, respeito e confiança. "São três relações e três preceitos que precisam ser avaliados para compreender a magnitude da questão sobre inclusão. É preciso compreender que o respeito à diversidade, a honestidade na apresentação de si mesmo ao outro e a confiança ao fazer isso está na base de toda a relação que pensa aceitar a originalidade da espécie humana", acredita.

Para a PAAI Silvana Drago, o trabalho com a família é fundamental para que a criança portadora de deficiência se desenvolva plenamente. "No caso do menino com Down, nós orientamos a mãe para que ela, como lição de casa, brincasse com ele, utilizando as letras móveis de madeira e relendo as historinhas contadas em sala de aula. Além de ter ajudado na aprendizagem do filho, a mãe ainda se sentiu menos angustiada por participar diretamente do processo de inclusão do filho".

Diskin afirma que a escola e a comunidade como um todo devem se voltar para o indivíduo que tem sempre algo a contribuir com uma excelência específica e que a humanidade, como projeto inacabado que é, está se direcionando para observar e dar espaço para que essas potencialidades se concretizem. "A palavra Ugundo, na língua Bantu, que compreende uma imensa gama de significados, é a resposta base para os anseios da inclusão. Ela quer dizer, em uma única palavra, que sou quem sou por aquilo que todos somos".

Fonte: Aprendiz

Cidade cearense tem experiência bem-sucedida na alfabetização

Fortaleza (CE) - Em apenas quatro anos, o município de Aratuba, Ceará, conseguiu alfabetizar mais de 95% dos adultos que não sabiam ler nem escrever. Localizada na microrregião do Maciço de Baturité, a 120 quilômetros de Fortaleza, Aratuba tinha, em 2000, mais de 20% da população, de 13.471 habitantes, formada por analfabetos.

O caminho, segundo o prefeito José Wolner Santos, foi buscar, em casa, aqueles que não sabiam ler nem escrever — à época, 2.630 pessoas. “Hoje, Aratuba tem oito núcleos escolares e vai a investir R$ 270 mil no programa Alfabetização e Cidadania, em parceria com o Ministério da Educação. Estamos sempre alertas”, disse o prefeito durante a cerimônia de lançamento do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) no Ceará, nesta quinta-feira (24), em Fortaleza.

Para o secretário de educação continuada, alfabetização e diversidade do Ministério da Educação, Ricardo Henriques, é fundamental a articulação das prefeituras com os governos federal e estaduais na correção das distorções. O Brasil, a cada ano, produz 70 mil jovens (com mais de 15 anos) analfabetos absolutos.

O foco do programa Brasil Alfabetizado está na Região Nordeste, que concentra 90% das cidades com os mais altos índices de analfabetismo do País para essa faixa da população. Reformulado, o programa dará prioridade aos 1,1 mil municípios com taxa de analfabetismo superior a 35%. Os recursos para este ano serão de R$ 315 milhões. Os municípios receberão 80% desse valor e terão de elaborar planos e diretrizes que garantam a presença de 75% dos professores de sua rede de ensino no trabalho de alfabetização.

Para que os alunos continuem nas turmas de educação de jovens e adultos (EJA), o governo federal financiará também o transporte, a merenda, a compra de material didático e até a distribuição de óculos para aqueles que necessitarem.

Fonte: MEC