sábado, 30 de junho de 2007

Burocracia institucional dificulta ensino à distância

"A institucionalização da tecnologia perpassa a relação professor aluno. É preciso que a universidade, como um todo, esteja disposta a receber e apreender as ferramentas tecnológicas. Para isso, é preciso que todos, desde os gestores até a comunidade, estejam envolvidos no processo", aponta a coordenadora do curso Educação a Distância na Prática (EAD) da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e Consultora da Secretaria de EAD do Ministério da Educação (MEC), Maria da Graça Moreira da Silva.

Embora o número de adeptos ao modelo de ensino seja cada vez maior, a EAD ainda permanece um mistério para muitos professores. Segundo Silva, eles têm medo de enfrentar as novas tecnologias na prática diária e receio de não estar em instituições que garantam seus direitos laborais, quando o trabalho é realizado de forma não presencial. "Existe grande dificuldade por parte das associações e sindicatos de regulamentar as leis trabalhistas para as aulas ministradas virtualmente, sem horários fixos", observa.

Mesmo com mais de 1,2 milhões de alunos matriculados, segundo censo do MEC de 2005, pouco se investiu na regulamentação dos direitos trabalhistas dos profissionais de ensino a distância. A coordenadora explica que, para solucionar esses problemas, é preciso pensar com o mesmo dinamismo da Internet, rompendo os muros entre as instituições e criando um sistema nacionalmente integrado. "Na EAD há uma mudança de paradigma, pois o professor passa a trabalhar em grupo, tanto com seus alunos, quanto no corpo do coletivo profissional", explica, lembrando que a mudança de concepção atingiria departamentos pessoais das instituições e secretarias e instâncias de direção pedagógica.

Na mesma direção, a coordenadora indica que o próprio aluno tem dificuldade em trabalhar no novo modelo de educação, especialmente em casos de disciplinas não-presenciais em cursos tradicionais. Em diversas universidades particulares, como a PUC-SP e a Universidade Anhembi Morumbi, alguns cursos têm parte do currículo a distância. "Os estudantes têm problemas para organizar os dias de estudo e tarefas virtuais. É preciso mudar a cultura de que com o ensino a distância, estuda-se menos", observa, ressaltando que na maioria das vezes, o que ocorre é o contrário. "É preciso muita disciplina e dedicação", pontua.

Segundo a coordenadora, jogos, instrumentos de simulação, banco de dados interativos, repositórios de domínio público, blogs, chats, avatares e objetos de imersão digital, o Second Life, por exemplo, são poderosos instrumentos para repensar e revolucionar a educação. "Mesmo quando tratamos de exclusão digital, é possível reformular a forma de funcionamento das escolas e universidades, chegando à máxima de interatividade na construção da produção intelectual e na escrita colaborativa", observa Silva, comemorando os avanços da wikipedia, wikidot e dispositivos virtuais onde textos são escritos por diversas pessoas de diferentes partes do globo.

Silva cita ainda como exemplo de possibilidade de interatividade, a construção de colóquios e palestras que podem acontecer simultaneamente no presencial e no virtual. "Recentemente participei de uma palestra na Universidade do Minho do Second Life. Aquilo que acontecia fisicamente em Portugal aconteceu para mim, direto da minha casa, do meu computador", conclui.


Fonte: Aprendiz - www.ligtv.com.br/educacao

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