Utilizando a revista Ciência Hoje das Crianças como ponto de partida, projeto do Instituto de Ciência e da Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC) capacita professores desde o ensino fundamental até turmas de Educação de Jovens e Adultos (EJA) na discussão e elaboração de aulas de ciência, buscando desmistificar temas e melhorar a qualidade do ensino. Em quase cinco anos de existência, o Programa Ciência Hoje de Apoio à Educação (PCHAE) já influenciou no aprendizado de cerca de 100 mil alunos da rede pública.
Ligado diretamente às secretarias de educação ou centros de ensino e com custo relativamente baixo, essa alfabetização científica vem sendo implementada com sucesso em diversos municípios paulistas e busca ampliação nacional. "Quanto mais escolas aderirem ao projeto, mais barata será a impressão da revista que é nosso principal material. O diferencial é justamente este pois está diretamente inserido na realidade do país", conta o superintendente de projetos educacionais da do Instituto Ciência Hoje, Ricardo Madeira
A revista Ciência Hoje das Crianças é o único instrumento de divulgação científica para a infância, explanando temas que partem de questionamentos pertinentes ao cotidiano delas. "A criança deve perguntar. O programa tem sua base nos questionamentos, dúvidas e curiosidades das crianças", conta Madeira que cita como exemplo, a atividade realizada em escola do Embu, na grande São Paulo, que se centrou no porquê da água do mar não congelar. "O processo tomou um rumo tão próprio que acabou discutindo a preservação e atual situação dos mananciais e lençóis freáticos, questões extremamente importantes na região".
Seguindo o pressuposto de que a ciência em toda sua amplitude é cultura e como cultura deve ser patrimônio educacional e cultural de seu povo, o PCHAE capacita professores para que o ensino da disciplina não se reduza a si mesmo mas, ao contrário, fomente o pensamento crítico e a liberdade para imaginar, tentar e, por vezes, errar, respeitando, inclusive o tempo da própria observação e experimentação. "É preciso que o professor valorize a pergunta do aluno, pois, a investigação científica deve partir da curiosidade da turma e não de respostas ao material didático utilizado pela escola", ressalta Madeira.
Dessa forma, a revista Ciência Hoje das Crianças funciona como um ponto de partida, pois ela traduz de forma simples o que vem sendo discutido na academia e nas outras publicações da própria sociedade que, criada em 1949, tem como proposta central funcionar como organização responsável pelo pensar e divulgar o pensamento científico no país.
A SBPC junto ao Instituto Ciência Hoje reúne extenso material para pesquisadores e membros da sociedade que estão preocupados com a qualidade da educação brasileira e o futuro tecnológico, científico e social do país. "Por essa razão que o PCHAE veio como resposta ao pedido do então ministro da Educação Cristóvão Buarque para combater o analfabetismo e a exclusão da maioria das pessoas no pensar científico e da disputa à universidade", conta o coordenador.
Madeira insistiu que, dentre os outros trunfos do programa, está a reformulação do pressuposto de que ciência é chata. "As crianças e os jovens não gostam é de fórmulas e estão certos, pois ciência não é isso. Tanto nas humanas, quanto nas exatas e biológicas, ciência é o estudo da vida e do meio. Não é algo estático e isolado. Ela está em constante transformação e intercâmbio de áreas", explica.
"Não podemos esquecer de fugir do quadro negro, pois o espaço para que a ciência exista é enorme. Ele vai desde a utilização de jornais, internet, televisão, até estudos do meio e porque não, o jardim da escola. Lá há muito para investigar e, seguindo algumas pistas e indicações, há muito para se descobrir", disse o professor que acredita ser possível reverter o quadro dos baixíssimos indicadores da qualidade da educação brasileira.
Fonte: Aprendiz
quarta-feira, 23 de maio de 2007
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