quinta-feira, 5 de abril de 2007

Metade dos universitários não termina a graduação


Um estudo feito pelo Instituto Lobo para o Desenvolvimento da Educação, da Ciência e da Tecnologia, a partir do Censo da Educação Superior, mostra que somente metade dos alunos que ingressam anualmente no sistema de ensino superior consegue, quatro anos depois, se formar.O estudo comparou o número de concluintes do ano de 2005 com o de ingressantes quatro anos antes. Essa relação é chamada de taxa de titulação. No caso do Brasil, ela foi de 51%. Os 49% restantes representariam, portanto, o contingente estimado que evadiu do sistema."No Brasil, são raríssimas as instituições de ensino superior que possuem um programa profissionalizado de combate à evasão, com planejamento de ações, acompanhamento de resultados e coleta de experiências bem sucedidas", criticam os pesquisadores Roberto Leal Lobo, Maria Beatriz Lobo e Oscar Hipólito, autores do estudo, em artigo sobre o tema.Comparações feitas pelo estudo mostram que a taxa é alta quando comparada a outros países desenvolvidos ou em desenvolvimento. No Japão, apenas 7% dos alunos não concluem o curso após quatro anos. No México, esse percentual chega a 31%. O patamar brasileiro é próximo ao da Colômbia (51%).Uma outra forma de avaliar a evasão é estimando os dados anuais sobre quem abandona a faculdade. Nesse caso, o estudo mostra que a taxa de abandono em todo o sistema foi de 22%, que corresponde a 750 mil alunos que deixaram de estudar em 2005. Essa taxa é maior na rede privada (25%) do que na pública (12%). Ao longo dos últimos cinco anos, tanto a taxa de evasão anual quanto a evasão em quatro anos ficaram estáveis.Para os autores da pesquisa, as instituições de ensino superior precisam adotar novas estratégias para evitar que o aluno deixe de estudar, em vez de apenas se preocuparem em atrair estudantes. "Embora os estudantes citem frequentemente razões financeiras para a evasão, estas na verdade refletem o produto final e não origem da decisão de sair", afirmam.Os pesquisadores acreditam que uma das principais razões para a desistência é o desestímulo com o curso ou a falta de conhecimento prévio sobre a carreira escolhida no vestibular. "Se o ensino for de qualidade e houver bons professores, no entanto, o aluno fará de tudo para continuar estudando".A diretora do Instituto Superior de Educação de São Paulo (Singularidades) Gisela Wajskop também acredita que as razões quase sempre não são financeiras. Segundo ela, a maioria dos jovens não tem visão de longo prazo e não escolhem carreira em função de um projeto individual associado a mudanças sociais. "Nesse sentido, as escolhas acabam sendo imediatistas e a realidade não responde à altura de suas expectativas", diz.A doutora afirma que é necessário que aconteça uma revisão profunda nas estratégias de ensino dentro das instituições de ensino superior. "É preciso desenvolver novas formas de participação dos jovens na aprendizagem de novos conhecimentos".

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